Seleção literária II - Quartas de Final

Junho se foi e aproxima-se o fim dos dias em que futebol alegra nossos corações. Com a Copa do Mundo como incentivo, seguem as sugestões de livros dos países participantes da disputa. Até desclassificados nas oitavas estão entrando. Sem ordem de preferência ou de qualidade, porque boa literatura acaba sempre dando empate.
México – Arranca-me a vida (Objetiva, R$ 49,90), de Angeles Mastretta, traça um panorama do México dos anos 1930 e 1940 através de Catalina, que se casa, adolescente, com um general que vai dominar a política local. Enquanto luta contra o conservadorismo e o machista, a protagonista se fortalece para buscar seus próprios caminhos. O texto arrebatador tem o tom entusiasmado de quem descobre como transformar sua vida e a do ambiente em torno.
Inglaterra – Febre de Bola (Cia das Letras, R$ 49,90), de Nick Hornby, tem uma linha narrativa que se funde ao amor pelo futebol. Aos onze anos, Hornby acompanha o pai, recentemente separado da mãe, às partidas de futebol disputadas pelo Arsenal e descobre nos torcedores um grupo pouco interessado em divertir-se, mas em compartilhar “o sofrimento como entretenimento”. Estruturado a partir das datas e placares de jogos ocorridos no intervalo de 24 anos, o livro conta o amadurecimento do autor, falando ainda sobre a violência nos estádios, os hooligans e os desmandos dos cartolas nos clubes. Lançado em 1992, hoje o livro – que já teve duas versões cinematográficas – é incluído entre os brindes dos sócios-torcedores do Arsenal.
Bélgica –  O Cavalariço da Providence (Companhia das Letras, R$ 29,90), de Georges Simenon, traz o comissário Maigret tentando desvendar o assassinato de uma socialite cujo corpo é encontrado num estábulo. Além da qualidade de seus mais de 400 livros, que venderam acima de 500 milhões de exemplares, traduzidos para 50 idiomas, com pelo menos 60 adaptações de suas histórias para o cinema – e em torno de 300 para a televisão -, Simenon é um dos maiores criadores de histórias policias, além de 41 romances de suspense psicológico. O maior interesse de Maigret, personagem que surge em 1931, é a motivação dos crimes, geralmente cometidos por personagens de grande densidade, que têm no delito a única solução para seus problemas.
Peru – Cinco Esquinas (Alfaguara, R$ 52,90), de Mario Vargas Llosa, parte do envolvimento sexual de duas amigas para abordar a utilização da imprensa sensacionalista pela ditadura de Alberto Fujimori, nos anos 1990. A cidade de Lima surge em cada capítulo como um reflexo das transformações do país, onde a burguesia peruana se fortalece economicamente e apoia o governo pelo combate ao terrorismo, enquanto a população precisa obedecer ao toque de recolher todas as noites e a imprensa é livre para publicar atrocidades, destruindo reputações dos que se recusam a pagar caro para não terem segredos expostos.
Irã – Lendo Lolita em Teerã (Bestbolso, R$ 32,90), de Azar Nafisi, relata como a autora se reunia com sete jovens para discutir obras da literatura ocidental prescritas no país, como Crime e Castigo e Madame Bovary. Os encontros passam a revelar os anseios daquelas mulheres, ex-alunas de Azar Nafisi na Universidade de Teerã, onde deixou de ensinar Literatura Inglesa em 1981, dois anos depois da queda da ditadura do xá Reza Pahlevi. Ao discutirem as histórias, as mulheres analisam as mudanças políticas no país e a condição feminina dentro de um ambiente conservador. Descontente com as mudanças políticas e o regime de perseguições políticas instaurado em seu país, a escritora se radicou nos Estados Unidos em 1997.

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