Listinha de Natal

 


Natal chegando para aplacar as tristezas de mais um ano de pandemia. Ler, um dos grandes antídotos contra a tristeza que consome o planeta, pode ainda ser a melhor medida para um recomeço de esperanças. Algumas dicas de leituras para presentear estão aqui.

Um título menos badalado, mas nem por isso pouco relevante, de Ariano Suassuna, O casamento suspeitoso (Nova Fronteira, R$ 37,90) trata dos temas recorrentes do autor: a esperteza, a ganância e a corrupção social levadas para um lugarejo interiorano que representa a multiplicidade de todo o país. Duas vigaristas, mãe e filha, querem promover o casamento da jovem com um ricaço ingênuo da região. Uma dupla de amigos pobretões, mas fiéis ao noivo, decide armar uma farsa e impedir o enlace, tomando o lugar de um sacerdote e de um juiz. Uma comédia de erros que denuncia, com muito humor, a falta de escrúpulos inerente ao ser humano. Perfeito para quem não sabe o que dar àquele tio mais velho, que reclama muito da falta de ética da atualidade.

Definir O último duelo (Intrínseca, R$ 43,90) como romance histórico é reduzir uma excelente crônica de costumes medievais a um gênero que não encerra a alentada pesquisa de Eric Jager. Crítico literário especializado em literatura medieval, Jager se detém sobre um caso de justiça do século XIV, na França. Um cavaleiro normando volta da frente de batalha, em plena Guerra dos Cem Anos, entre França e Inglaterra, e denuncia um escudeiro pelo estupro de sua mulher. O julgamento é por combate ao ar livre, com público, em Paris. Se o marido perder, a mulher será queimada em fogueira por falso testemunho. O duelo aconteceu alguns dias depois do Natal de 1386 e foi o último autorizado pelo Parlamento de Paris, acompanhado por nobres, entre eles o rei Carlos VI. Ganhou recente adaptação cinematográfica, estrelada por Matt Damon e Adam Driver, de Ridley Scott. Também serve como presente para os que resmungam contra a deturpação dos valores morais contemporâneos.

Se Natal é época de festejar o congraçamento familiar, Angelina Purpurina (Faro Editorial/Milk Shakespeare, R$ 20), da francesa Fanny Joly, vem lembrar que a vida pode ser bem difícil desde a primeira infância ... principalmente para menininhas com endiabrados irmãos mais velhos. Angelina, a jovem protagonista, é a caçula numa família contemporânea, com pai e mãe dedicados ao trabalho e dividindo as tarefas da casa com os filhos. Atormentada pelos irmãos, apaixonada por um colega, protegida pela bela melhor amiga, Angelina está sempre alerta para a próxima peça de que pode ser vítima, quando conta com a proteção de pais atentos e amorosos. Um leitura bem divertida para qualquer idade.

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