Abrindo a rede
Minha imagem de paraíso terrestre mostra alguém com um livro nas
mãos, recostado em uma rede, à sombra de árvores, aproveitando a brisa –
seja do mar, das montanhas, um ventinho suave e alentador. Poderia
trocar o cenário, levando a rede e seu ocupante para uma varanda,
protegidos da chuva que cai lá fora. O livro permaneceria como elemento
indispensável nessa outra situação.
Não é só do supremo deleite da leitura que esta coluna vai tratar. Rede, em português, tem definições que vão além do artefato criado para o descanso que tanto merecemos. Hoje compreendemos rede como a ligação entre pessoas com interesses mútuos – e ler, mais do que um prazer é uma forma de reforçar as conexões. Pretendo falar, principalmente, sobre livros, mas também do que pode ser aproveitado quando deixamos a rede para continuar exercitando o espírito, na apreciação da diversidade cultural que nos cerca.
Para nos estendermos nesta rede, nada melhor do que amenas leituras de férias, que ajudem a refrescar a cabeça no verão – que aqui no Rio de Janeiro já fornece sensações térmicas superiores às experimentadas no Saara. Algumas sugestões estão aqui:
Policial – O Caso da Criada Desaparecida (Record, R$ 44.90) – O título antiquado do thriller de estreia do jornalista britânico Tarquim Hall remete a investigadores da primeira metade do século XX, mas a Índia do detetive Viri Puri é a atual, um país onde novas oportunidades de negócios crescem no mesmo ritmo da imensa população de 1 bilhão de pessoas. O tom jocoso também serve à reflexão sobre os rumos de uma nação economicamente emergente e profundamente tradicionalista.
Romance – A Resposta (Bertrand, R$ 55) - Ambientado em Jackson, no Mississipi, no início da década de 1960, o romance da americana Kathryn Stockett recria uma época em que as leis segregacionistas dominavam a região Sul dos Estados Unidos. Com mais de cinco milhões de exemplares vendidos no mundo inteiro, a trama é narrada por três mulheres – uma jovem branca de classe média e duas empregadas domésticas negras -, que tentam modificar os papeis sociais femininos daquele tempo.
Biografia – Nássara Passado a Limpo (José Olympio, R$ 35) – Depoimentos, casos e entrevistas estão na deliciosa recriação da vida do compositor e desenhista Antonio Gabriel Nássara (1910-1996), assinada por Carlos Didier. Todos os capítulos são ricamente ilustrados com as charges do caricaturista, uma das figuras mais presentes na música popular brasileira.
Ensaio – Fé em Deus e Pé na Tábua – ou como e por que o trânsito enlouquece no Brasil (Rocco, R$ 25) – O alucinante trânsito brasileiro, que causa cerca de 40 mil mortes a cada ano, é um reflexo de nossa tradição escravagista, que torna o automóvel uma extensão aristocrática de cada proprietário, afirma o antropólogo Roberto DaMatta, que baseia o livro em pesquisas recentes sobre o comportamento do motorista brasileiro.
Gótico – Abraham Lincoln, caçador de vampiros (Intrínseca, R$ 39,90) – Seth Grahame-Smith já transformara em combatentes de zumbis as heroínas românticas de Jane Austen com Orgulho e Preconceito e Zumbis. Agora, episódios da vida do celebrado ex-presidente norte-americano são parte da fictícia luta de Lincoln contra os mortos-vivos.
Publicada em Investimento & Notícias (www.investimentoenoticias.com.br) em fevereiro de 2011.
Não é só do supremo deleite da leitura que esta coluna vai tratar. Rede, em português, tem definições que vão além do artefato criado para o descanso que tanto merecemos. Hoje compreendemos rede como a ligação entre pessoas com interesses mútuos – e ler, mais do que um prazer é uma forma de reforçar as conexões. Pretendo falar, principalmente, sobre livros, mas também do que pode ser aproveitado quando deixamos a rede para continuar exercitando o espírito, na apreciação da diversidade cultural que nos cerca.
Para nos estendermos nesta rede, nada melhor do que amenas leituras de férias, que ajudem a refrescar a cabeça no verão – que aqui no Rio de Janeiro já fornece sensações térmicas superiores às experimentadas no Saara. Algumas sugestões estão aqui:
Policial – O Caso da Criada Desaparecida (Record, R$ 44.90) – O título antiquado do thriller de estreia do jornalista britânico Tarquim Hall remete a investigadores da primeira metade do século XX, mas a Índia do detetive Viri Puri é a atual, um país onde novas oportunidades de negócios crescem no mesmo ritmo da imensa população de 1 bilhão de pessoas. O tom jocoso também serve à reflexão sobre os rumos de uma nação economicamente emergente e profundamente tradicionalista.
Romance – A Resposta (Bertrand, R$ 55) - Ambientado em Jackson, no Mississipi, no início da década de 1960, o romance da americana Kathryn Stockett recria uma época em que as leis segregacionistas dominavam a região Sul dos Estados Unidos. Com mais de cinco milhões de exemplares vendidos no mundo inteiro, a trama é narrada por três mulheres – uma jovem branca de classe média e duas empregadas domésticas negras -, que tentam modificar os papeis sociais femininos daquele tempo.
Biografia – Nássara Passado a Limpo (José Olympio, R$ 35) – Depoimentos, casos e entrevistas estão na deliciosa recriação da vida do compositor e desenhista Antonio Gabriel Nássara (1910-1996), assinada por Carlos Didier. Todos os capítulos são ricamente ilustrados com as charges do caricaturista, uma das figuras mais presentes na música popular brasileira.
Ensaio – Fé em Deus e Pé na Tábua – ou como e por que o trânsito enlouquece no Brasil (Rocco, R$ 25) – O alucinante trânsito brasileiro, que causa cerca de 40 mil mortes a cada ano, é um reflexo de nossa tradição escravagista, que torna o automóvel uma extensão aristocrática de cada proprietário, afirma o antropólogo Roberto DaMatta, que baseia o livro em pesquisas recentes sobre o comportamento do motorista brasileiro.
Gótico – Abraham Lincoln, caçador de vampiros (Intrínseca, R$ 39,90) – Seth Grahame-Smith já transformara em combatentes de zumbis as heroínas românticas de Jane Austen com Orgulho e Preconceito e Zumbis. Agora, episódios da vida do celebrado ex-presidente norte-americano são parte da fictícia luta de Lincoln contra os mortos-vivos.
Publicada em Investimento & Notícias (www.investimentoenoticias.com.br) em fevereiro de 2011.
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